Quem de nós já ouviu contos de fadas, histórias de princesas
e lutas de grandes heróis que após desafios e sofrimentos, desfecham em uma destas
mensagens:
“Viveram felizes para sempre...”
“O bem sempre vence...”
Assim terminamos o livro, saímos do cinema, desligamos o
DVD, ou para os mais antigos como eu, rebobinamos a fita ou tiramos o disquinho
de historinha da vitrola. Percebemos então, lá dentro uma sensação positiva, que
eu chamaria, para efeitos didáticos, de esperança.
Mas esperança de que? O que é este sempre?
Cada um de nós constrói seu modelo de futuro: a imagem, a emoção
e a sonoplastia desta sua “cena individual do para sempre”. Algumas pessoas
chegam a alimentar a vã ilusão de que esta cena durará...
...para sempre...
...achando que o para sempre se estende do momento daquela
cena, até o fim da vida. Mas o que acontece quando o desafio volta, ou o
sofrimento chega? Ficamos decepcionados com o contraste entre nossa expectativa e a
realidade dos fatos. De forma tola culpamos o outro por este sofrimento, algumas
vezes um parceiro afetivo, um chefe, um amigo ou colega de trabalho. Não nos
damos conta que a causa do problema não está lá fora, está dentro da nossa
própria mente. Estamos frustrados por que a realidade lá fora está diferente do
que desejávamos.
Enquanto brigarmos com a realidade lá fora que não podemos
mudar, estaremos andando em círculos, presos ao sofrimento. A partir do ponto que
olhamos para dentro e percebemos que a causa está na expectativa que
criamos, podemos desenvolver um caminho para criar menos expectativas.
Até que ponto é bom ou ruim criar expectativas?
Se considerarmos que criar boas cenas de futuro nos anima e motiva
a agir na construção deste caminho até ele, isto é positivo, eu chamaria a este
estado de esperança.
Por outro lado, muitas vezes acrescentamos detalhes demais a
esta cena de futuro. A criação desta lista exageradamente detalhada, eu
chamaria de expectativa,
pois quanto maior o número de detalhes, maior a chance de haver variação entre
a cena e a realidade, nos decepcionando, sem percebermos o quanto o caminho
para chegar a esta cena está nos preparando para chegar mais perto da cena de
futuro que temos esperança de viver.
Afinal, qual então é a diferença entre esperança
e expectativa?
Sintetizando, se pensarmos na vida como um conto de fadas,
que um dia terá um final feliz, poderemos sentir esperança
de que este final feliz é possível. Mobilizamo-nos então para construir o
caminho até ele. A esperança começa a virar expectativa,
à medida que especificamos demais este caminho.
As expectativas mais
comuns que criamos são:
- Existe apenas um caminho, e este caminho é linear e reto;
- Eu sei quanto tempo vai durar este caminho;
- Eu sei quem são as pessoas que vão me acompanhar neste caminho;
- Eu sei exatamente quais habilidades e conhecimentos eu preciso para trilhar este caminho;
Então qual o segredo?
O segredo é perceber que a vida acontece em ciclos de contos de fadas. Nosso
caminho vai se desenhando a partir de cada um destes ciclos. Aceitar o fim de
um ciclo é ter esperança de que o próximo
ciclo será ainda melhor e mais feliz que o ciclo anterior. É um exercício de
desapego às nossas expectativas.
Como diz a música, “o pra sempre, sempre acaba”, e isto faz
parte da vida. Mas como diz a outra música, “Dias melhores, pra sempre virão”.
E
você, quais são as expectativas mais comuns que você cria, já conseguiu
identificar? Quer compartilhar comigo (CoachAngela) ou com os outros leitores?
Abraços,
Ângela MedeirosPersonal and Executive Coach
Lindo texto! Uma amiga, um tempo atrás, dentro dessa onda de ter esperança, lançou para o nosso grupo o "Clã das Baixas Expectativas". Nesse clã, estimulávamos umas às outras a seguir vivendo felizes, com baixas expectativas, mas a certeza de que o futuro seria muito melhor do que esperávamos. Funcionou, para todas! :) Um beijo,adorei! :)
ResponderExcluirQue bacana Ari, adorei a ideia ... e o resultado dela!
Excluirbeijos querida!
Teu texto foi muito esclarecedor para mim, Ângela.
ResponderExcluir... desapego às expectativas... ótima ideia.
Baixas expectativas também seria interessante.
gurias, vcs são ótimas!
Obrigada pelo retorno Cris!
ExcluirExperimente e me conte como foi...
beijos